Dec 8, 2025
Por que você não deveria usar uma IA genérica para escrever suas peças jurídicas
inteligência artificial
tecnologia
A verdade é que uma IA genérica nunca foi pensada para lidar com a complexidade de uma petição ou de um recurso.
Mesmo assim, muitas advogadas e advogados recorrem a ela quando o tempo aperta. É exatamente o que acontece com Lucas, advogado há sete anos, que às 21h42 de uma quarta-feira encara uma tela em branco, sabendo que uma contestação vence no dia seguinte.
Se você também é advogado, talvez essa história seja muito familiar.
O problema de começar do zero, todos os dias
Apesar da tecnologia avançar rápido, muitos profissionais continuam gastando horas estruturalmente reconstruindo cada documento desde o início.
Não é porque querem. Mas porque precisam garantir:
um texto coerente;
o formato jurídico correto;
a famosa ABNT dos advogados (você sabe bem qual!);
argumentação sólida;
clareza e técnica.
Só que esse processo é exaustivo e repetitivo. A maior parte desse tempo nem é jurídico, é operacional. E, somado ao volume crescente de demandas, esse trabalho repetitivo vira um peso difícil de carregar.
A promessa (e o perigo) das IAs genéricas
Os números deixam isso ainda mais claro. Segundo dados da Thomson Reuters (2024), mesmo trabalhando em um ritmo quase sobre humano, um advogado chegaria ao máximo de 3.120 horas anuais - o que equivale a 60 horas por semana por ano. Mas, na prática, a maioria só consegue faturar cerca de 1.800 horas por ano. O restante simplesmente se perde no meio de tarefas mecânicas, volume excessivo e prazos que não param.
É justamente por isso que tantos profissionais têm voltado o olhar para soluções que devolvam parte desse tempo perdido. Um outro estudo da Thomson Reuters (2023) reforça esse movimento: advogados acreditam que o uso de IA pode economizar até quatro horas por semana, algo próximo de 200 horas por ano, apenas ao tornar seus fluxos de trabalho mais fluidos e organizados. Não é uma simples economia de minutos, é valor real retornando ao escritório por meio de tecnologia que trabalha a favor do jurídico.
Quando os dados mostram que centenas de horas podem ser recuperadas, a busca por ferramentas tecnológicas deixa de ser modernidade e vira sobrevivência. Muitos profissionais, exaustos, passam a procurar qualquer alternativa que prometa alívio imediato na rotina.
Saiba mais:Responsabilidade profissional da IA na advocacia: quem responde quando a IA erra?
E é nesse momento que um novo capítulo dessa história começa: nos últimos meses, um grande número de advogados têm recorrido a IAs genéricas como tentativa de ganhar tempo e conseguir entregar a peça antes do prazo fatal. A pressão é tanta que qualquer promessa de agilidade parece uma tábua de salvação.
Mas aí surge o problema. Essas plataformas não foram criadas para o universo jurídico e, ao tentar acelerar, acabam criando ainda mais retrabalho. Geram argumentos desalinhados ao caso, omitem detalhes essenciais e até introduzem inconsistências que podem comprometer a peça. Ou seja: aquilo que deveria salvar o prazo vira uma armadilha, uma nova fonte de estresse que recai exatamente sobre quem já está sobrecarregado.
E essa preocupação não é exagero. Decisões recentes no Brasil já mostram, com clareza, o que acontece quando a pressa encontra uma IA genérica.
Casos reais no Brasil mostram os riscos de usar IAs genéricas
Nos últimos meses, o uso apressado de IAs genéricas já gerou consequências reais no Judiciário brasileiro.
No TRT da 2a Região, uma peça produzida por IA foi considerada tão genérica que levou à rejeição do pedido e multa por propósito protelatório.
No Tribunal de Justiça da Bahia, uma petição com dispositivos inexistentes gerou penalidade severa.
No STF, manifestações contendo leis e jurisprudências inventadas também resultaram em multa por ato atentatório à dignidade da Justiça.
E mais recentemente, outro episódio ganhou destaque: uma petição trabalhista elaborada com IA chegou a inventar referências doutrinárias, decisões inexistentes e até o nome de um suposto relator que, na verdade, era dono de um bar. O caso ocorreu na Vara de Concórdia (SC) e resultou em multa por má-fé após o juiz identificar que o texto havia sido gerado por IA sem qualquer revisão humana.
Diante de tantos exemplos, fica claro que o problema não está apenas no uso apressado, mas no tipo de plataforma escolhida. E isso nos leva a uma questão central para qualquer advogado que pensa em usar IA no dia a dia: por que as IAs genéricas representam um risco tão grande para a sua peça?
Por que IAs genéricas podem ser um risco para a sua peça
Apesar de ajudarem a ganhar tempo em um primeiro momento, as IAs genéricas trazem riscos sérios.
Alucinações
Um dos problemas mais graves é o fenômeno conhecido como alucinações. Essas plataformas, ao tentarem preencher lacunas de informação, acabam inventando artigos de lei, jurisprudências e até trechos doutrinários inteiros. O resultado é um texto que, à primeira vista, pode parecer tecnicamente correto, mas que, ao ser analisado com mais cuidado, revela-se repleto de informações falsas.
Imagine citar um dispositivo legal inexistente ou uma decisão judicial fictícia em uma petição. Além de comprometer a sua credibilidade, isso pode levar a penalidades severas, como multas por má-fé ou até mesmo a rejeição da peça.
Formato despadronizado
Outro risco significativo é o formato inadequado das peças geradas por IAs genéricas. Essas plataformas não foram projetadas para atender às exigências formais do Direito, o que significa que elas frequentemente ignoram normas específicas de formatação exigidas pelos Tribunais. Isso pode incluir a falta de organização hierárquica dos tópicos, a ausência de elementos essenciais, como pedidos claros e bem fundamentados, ou até mesmo a omissão de detalhes técnicos indispensáveis.
Uma peça mal formatada não apenas prejudica a apresentação do caso, mas também pode ser rejeitada pelo Tribunal, obrigando o advogado a refazer todo o trabalho.
Leia mais: Como garantimos a segurança da nossa IA jurídica
Inconsistências lógicas
Além disso, as IAs genéricas frequentemente apresentam inconsistências lógicas nos textos que produzem. É comum que confundam os fatos do caso, misturem informações de diferentes contextos ou até troquem os nomes das partes envolvidas. Essas falhas podem gerar confusão, comprometer a clareza da peça e, em casos mais graves, enfraquecer a argumentação jurídica.
Falta de aderência ao caso
Por fim, há a questão da falta de aderência ao caso. Por não serem treinadas especificamente para o universo jurídico, as IAs genéricas tendem a produzir textos desconexos e sem fundamento, que não atendem às particularidades de cada situação. Isso significa que os argumentos apresentados podem não se aplicar ao caso concreto, resultando em uma peça que parece superficial e pouco personalizada.
E, talvez o mais preocupante, uma peça mal elaborada pode comprometer a sua reputação, tanto perante o cliente quanto perante o Tribunal. Confiar em IAs genéricas para a elaboração de peças jurídicas é, portanto, um risco que nenhum profissional deveria correr.
Uma IA que entende a linguagem técnica do Direito
Diferentemente das IAs genéricas, uma IA especializada no Direito, como a Inspira, é desenvolvida para atender às necessidades específicas dos advogados. Isso significa que ela entende a linguagem técnica, as nuances jurídicas e as exigências formais de uma petição.
Na Inspira, você tem acesso a um pacote completo com cinco peças cíveis fundamentais, todas preparadas com estrutura técnica e alinhadas aos padrões formais exigidos:
Petição inicial
Contestação cível
Apelação
Embargos de declaração
Agravo de instrumento
Para cada uma delas, a ferramenta monta a espinha dorsal da sua peça com clareza, organização e coesão, a partir dos documentos que você envia. Fatos, fundamentos, pedidos e narrativa são estruturados de acordo com a estratégia definida por você.
Em vez de reconstruir uma petição ou uma contestação do zero, você passa a trabalhar sobre um rascunho técnico consistente, o que reduz drasticamente o tempo de produção e evita o desgaste de tarefas repetitivas e operacionais.
No fim do dia, o que todo advogado busca é a mesma coisa: trabalhar com segurança, eficiência e tranquilidade. O tempo é curto, os prazos são implacáveis e a responsabilidade é enorme. Por isso, confiar em uma ferramenta que entende a lógica do Direito e respeita a sua estratégia não é mais um diferencial. É uma necessidade.




