17 de nov. de 2025
O que empresas de alta performance fazem de diferente com IA?
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Enquanto muitas empresas ainda estão começando a explorar o potencial da IA, um grupo seleto de organizações, conhecidas como high performers - ou empresas de alta performance - já está alcançando resultados transformadores. Essas empresas não apenas usam a IA: elas a integram de forma estratégica para impulsionar inovação, crescimento e eficiência.
Mas o que exatamente diferencia essas lideranças? A resposta está na mistura de uma abordagem ousada, compromisso com a transformação e investimentos estratégicos.
Quem são os high performers em IA?
De acordo com o estudo recente da McKinsey “The state of AI in 2025, apesar do avanço da inteligência artificial no cenário corporativo, o uso de IA ainda não trouxe um impacto significativo no lucro líquido da empresa.
Apenas 39% dos entrevistados atribuem algum nível de impacto no lucro à IA — e, na maioria desses casos, menos de 5% do lucro da organização é atribuível ao uso da tecnologia.
Ainda assim, são observados benefícios qualitativos importantes: grande parte das empresas afirma que a IA impulsionou a inovação, quase metade percebe melhorias na satisfação do cliente e muitos relatam diferenciação competitiva. Ou seja, os ganhos vão além do resultado financeiro imediato.
O impacto considerável no lucro líquido, porém, continua raro. É justamente por isso que as chamadas high performers — cerca de 6% dos respondentes — se destacam. Essas empresas atribuem um impacto de 5% ou mais no lucro ao uso de IA e declaram que a tecnologia trouxe valor significativo para a organização.
Essas empresas apresentam uma ambição ousada e distinta: são três vezes mais propensas do que as outras a afirmar que pretendem usar IA para propiciar transformações radicais em seus negócios. Esse grupo busca inovação transformadora, redesenha fluxos de trabalho, amplia rapidamente o uso da IA, implementa as melhores práticas para a transformação e investe de forma mais robusta.
As empresas de alta performance mostram que pensar grande e agir estrategicamente com IA pode, sim, gerar resultados notáveis — para além do ganho incremental, promovendo mudanças estruturais e posicionando suas organizações na vanguarda da inovação.
A mentalidade transformadora: além da redução de custos
A principal distinção das empresas de alta performance reside em sua ambição. Essas organizações são mais de três vezes mais propensas a usar a IA para promover uma mudança transformadora em seus negócios. Enquanto muitas empresas focam em usar a IA para reduzir custos, elas miram mais alto, estabelecendo o crescimento e a inovação como objetivos centrais de suas iniciativas. Essa visão se reflete também em seus investimentos. O gráfico abaixo mostra quanto das empresas estão investindo em IA dentro do orçamento digital delas.As empresas no geral gastam pouco com IA — quase metade (44%) investe menos de 5%.
Já as empresas que de alta performance em IA (ou seja, que realmente veem resultados e lucros com IA) investem muito mais — cerca de um terço (35%) delas coloca mais de 20% do orçamento digital em IA.
Em resumo, as empresas de alta performance investem quase 5 vezes mais do que as outras em IA.
Tradução livre: Um terço das principais empresas de alta performance gasta mais de 20% de seus orçamentos digitais em IA. Parcela do orçamento digital da organização gasta com IA, % de respondentes (n = 1.933). Nota: Os valores podem não somar 100% devido a arredondamentos. A pergunta perguntou qual parte do orçamento digital total da organização é gasta em tecnologias relacionadas à IA. “Principais desempenhos em IA” são aqueles que afirmam gerar mais de 5% do lucro operacional (EBIT) com IA e ver “valor significativo” resultante do uso da tecnologia. Fonte: McKinsey Global Survey sobre o estado da IA, n=1.993, junho–julho de 2025.
Essa ambição por transformação, e não apenas por eficiência, se manifesta na forma como as empresas de alto desempenho implementam a IA. Isso nos leva diretamente à uma verdade: a tecnologia por si só não é suficiente. As organizações mais bem-sucedidas estão intencionalmente redesenhando a forma como o trabalho é feito.
A surpreendente vantagem do risco: empresas de ponta relatam mais consequências negativas.
Ao redesenhar fluxos de trabalho e integrar a IA em operações de missão crítica, essas organizações inevitavelmente encontram desafios que empresas de uso superficial não enfrentam. Isso explica a mais contraintuitiva descoberta: as empresas de alta performance de IA são mais propensas do que seus pares a relatar consequências negativas, como violação de propriedade intelectual e problemas de conformidade regulatória.
Como isso é possível? Não é tão paradoxal quanto parece. Empresas mais ambiciosas usam a IA em contextos de missão crítica, onde os riscos são naturalmente maiores. Essa exposição as força a criar sistemas de mitigação mais robustos e a desenvolver uma consciência mais aguçada dos perigos. Alexander Sukharevsky, da McKinsey, explica essa dinâmica: “em vez de evitar o risco, as empresas de ponta o enfrentam de frente, aprendem com ele e, como resultado, constroem uma prática de IA mais resiliente e eficaz.”
Portanto, a maturidade em IA não significa a ausência de problemas, mas sim a capacidade de identificá-los e mitigá-los em cenários de alto impacto.
Human in the Loop: inteligência híbrida na prática
Outro diferencial das empresas de alta performance é a capacidade de equilibrar o potencial da IA com o conhecimento humano, criando o que chamamos de inteligência híbrida. Um dos maiores avanços dessa nova era é a habilidade de determinar, de forma estratégica, quando e como inserir a participação humana nos processos de desenvolvimento, testes e implantação das soluções de IA.
Na prática, a IA dificilmente opera sozinha de ponta a ponta. O verdadeiro valor surge quando profissionais experientes, com vivência no mundo real e domínio sobre seus mercados, interagem e colaboram com as soluções de IA nos momentos certos. Esse diálogo entre tecnologia e pessoa potencializa a precisão das decisões, reduz riscos e aumenta a adaptabilidade das soluções frente aos desafios práticos das empresas.
Segundo o relatório da Mckinsey, empresas de alta performance têm mais probabilidade do que outras de dizer que suas organizações têm processos definidos para determinar como e quando os resultados do modelo exigem validação humana.
A expertise humana complementa a capacidade analítica dos algoritmos, garantindo que as decisões tomadas sejam não apenas eficientes, mas também éticas, alinhadas ao contexto do negócio e à estratégia da organização. Essa inteligência híbrida, somada à inovação tecnológica, o olhar crítico e o julgamento humano, permite que empresas extraiam o máximo do potencial da IA e construam vantagens competitivas duradouras.
Lições para construir uma estratégia de IA vencedora
O caminho trilhado pelas empresas high performers oferece um roteiro claro para outras organizações que desejam maximizar o valor de seus investimentos em IA. O sucesso exige uma agenda ousada, impulsionada pela inovação e pela transformação.
Pensar além da eficiência: defina metas de crescimento e inovação para suas iniciativas de IA, em vez de focar apenas na redução de custos.
Garantir o apoio da liderança: assegure que as lideranças sêniores não apenas apoiem, mas também se apropriem e impulsionem ativamente a agenda de IA.
Investir de forma significativa: aloque recursos suficientes para permitir a experimentação, a escalabilidade e a integração da IA em toda a organização.
Repensar os processos: use a IA como um catalisador para redesenhar fluxos de trabalho e criar novas formas de operar, em vez de simplesmente automatizar o status quo.
Adotar a escalabilidade: comece a planejar a expansão do uso da IA em diversas funções de negócio para criar um impacto sistêmico.
Ao adotar uma postura ousada e investir de forma intencional, empresas podem transcender a eficiência operacional e alcançar um novo patamar de inovação e liderança. Isso reforça o que defendemos aqui na Inspira: a verdadeira transformação acontece quando combinamos tecnologia avançada com visão estratégica e colaboração.





